A Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, rede que articula mais de 200 entidades da sociedade civil,
divulgou carta aberta na qual considera preocupante o fato de os
parlamentares integrantes da Comissão Especial do PNE discutirem o
projeto de lei com o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, em reunião
fechada nesta terça (10). Segundo a Campanha, é imprescindível que a
Comissão leve o ministro para debater a matéria em audiência pública, na
qual toda a sociedade possa participar.
Leia o texto da Campanha abaixo:
CARTA À SOCIEDADE BRASILEIRA SOBRE A REUNIÃO RESTRITA
DA COMISSÃO ESPECIAL DO PNE COM O MINISTÉRIO DA FAZENDA
Brasil, 9 de abril de 2012
A Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, rede que articula mais de 200 entidades e organizações
distribuídas por todo o país e que tem incidido na construção do novo
PNE (Plano Nacional de Educação), considera fundamental o envolvimento –
ainda que tardio – da área econômica do Governo Federal no debate sobre
o novo plano educacional.
No entanto, considera preocupante o fato
de os parlamentares integrantes da Comissão Especial do PL 8035/2010
(PNE) irem nesta terça-feira, 10/4, até o gabinete do Ministro da
Fazenda, Guido Mantega, para discutir o financiamento da educação (meta
20 da proposta do PNE), em vez de recebê-lo em Audiência Pública, aberta
a toda a sociedade.
Demandado pelo artigo 214 da
Constituição Federal de 1988, o PNE tramita no âmbito do Congresso
Nacional, sendo esse o espaço deliberativo do novo Plano. É também o
Legislativo, por dever e natureza, o poder mais afeito à participação
social, devendo, inclusive, promovê-la.
Nesse sentido, após inúmeras audiências
públicas e reuniões técnicas, tanto na Câmara dos Deputados, quanto em
quase todas as Assembleias Legislativas do país e em diversas Câmaras de
Vereadores, tornou-se consenso de que o Brasil precisa de um patamar de
investimento público equivalente a 10% do PIB na educação pública.
Especialistas em financiamento da educação, movimentos sociais,
entidades educacionais, trabalhadores, gestores municipais e estaduais
têm clareza dessa necessidade.
O mesmo consenso é verificado entre os
deputados da Comissão Especial. Tanto é assim que, em um universo de
3364 emendas ao PL 8035/2010 - 2915 ao texto original e 446 à primeira
proposta de substitutivo do relator, deputado Ângelo Vanhoni (PT-PR) -
apenas uma propõe um patamar inferior aos 10% do PIB. No entanto, a
reunião restrita com Mantega, nas dependências do Ministério da Fazenda,
impossibilita a defesa pública do consenso, que está fortemente
embasado por estudos técnicos. Um deles é o Comunicado 124 do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de 14 de dezembro de 2011,
intitulado "Financiamento da educação: necessidades e possibilidades".
Como exemplo positivo, na época da
tramitação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e Valorização dos Profissionais da Educação), o então Ministro da
Fazenda, Antonio Palocci, discordava da inclusão das creches naquele
que se tornaria o fundo de financiamento de toda a educação básica e
dizia ser inviável a participação financeira da União no mecanismo
contábil. Contudo, em uma Audiência Pública na Câmara dos Deputados,
diante dos bons argumentos dos parlamentares e da pressão da sociedade
civil, Palocci começou a se sensibilizar e a mudar de opinião. Como
resultado, as creches hoje compõem o Fundeb e a União colabora com mais
de R$ 9,4 bilhões com o conjunto do fundo.
É com base nesse exemplo que a Campanha
considera imprescindível que a Comissão Especial do PNE leve Mantega
para debater a matéria publicamente, inclusive como um sinal republicano
de respeito do Poder Executivo perante o Poder Legislativo e a
sociedade civil brasileira.
A Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, de acordo com o disposto no artigo 214 da Constituição
Federal, acredita que o novo PNE é a ferramenta capaz de planificar a
educação brasileira de modo que o país comece a recuperar, nesta década,
parte do tempo perdido. Os prejuízos causados pelos vetos empreendidos
pelo presidente Fernando Henrique Cardoso ao PNE anterior (2001-2010),
que, infelizmente, não foram derrubados pelo Congresso Nacional no curso
dos dois mandatos do presidente Lula, ainda ecoam na fragilidade da
educação pública. Viabilizar o patamar de investimento equivalente a 10%
do PIB em educação pública é um importante e urgente primeiro passo. E,
para concretizá-lo, é imprescindível assegurar que a discussão em torno
do tema continue acontecendo no âmbito do Congresso Nacional, de portas
abertas, de forma democrática e participativa. Que a Comissão Especial
não deixe de levar Mantega à Câmara dos Deputados e que Mantega
compreenda a importância de sua participação no debate.
Comitê Diretivo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação:
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segunda-feira, 9 de abril de 2012
Campanha defende audiência com Mantega para debater o PNE
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- PROFESSOR DO COLÉGIO MUNICIPAL DE ADUSTINA, COORDENADOR PEDAGÓGICO DA ESCOLA MUNICIPAL MADRE MARIA LINA E COORDENADOR DA APLB-NÚCLEO DE ADUSTINA
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